Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde revelam que, de 2019 a 2021, foram mais de 47 mil óbitos em razão do câncer de próstata. No ano passado, 16.055 homens morreram em consequência da doença, o que corresponde a cerca de 44 mortes por dia. E a notícia fica ainda mais preocupante, já que o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 65.840 novos casos de câncer de próstata em 2022.
Para desvendar todos os mitos e verdades que envolvem o tema, conversamos com o urologista Rui Teófilo Figueiredo Filho. Com 25 anos de experiência, ele nos traz uma boa notícia: parece que finalmente os homens resolveram começar a se cuidar. “Isso é algo que a gente nota no consultório. De fato, há alguns anos, existia uma resistência masculina a fazer exames e ir ao médico. Mas, atualmente, isso não existe mais. Os homens estão indo com regularidade fazer suas consultas. Na minha opinião, isso se deve às campanhas de conscientização que são realizadas pelo sistema de saúde, pois elas estimulam o cuidado com a saúde como um todo”.
O médico, que também é professor de urologia no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), apresenta alguns mitos que envolvem a doença: “O principal deles é que as pessoas acham que o câncer de próstata teria que apresentar sintomas. Isso não acontece quando o paciente está com a doença em fase inicial. Outro pensamento errado é relacionar a próstata com a ereção. A próstata tem relação com a fertilidade, não com a função da ereção”.
Uma questão que também vigora no campo dos mitos é o crescimento da próstata ao longo da idade. De acordo com o especialista, este é um processo natural e não precisa ser temido. “Ela tende acrescer a partir dos 40 anos de idade. Normalmente, este crescimento é benigno. E já que estamos falando do tamanho da próstata, é importante explicar que quando ela é naturalmente grande, não significa que a pessoa tem mais chances de ter câncer. O tamanho é indiferente nestes casos”, explica.
Já as verdades sobre o câncer de próstata envolvem o fato deste tipo ser o mais comum entre os homens, e não existir um fator em termos alimentares ou em hábitos de vida que aumente a chance de desenvolver um tumor. “Também há o fato de ser um câncer com fatores hereditários, ou seja, ter um familiar de primeiro ou segundo grau que teve a doença, aumenta as chances daquele indivíduo ter também. Por fim, reafirmo que não há, no momento, qualquer evidência de medicamentos ou vitaminas que previnem o surgimento do câncer de próstata. E,claro, os programas de prevenção à doença são sempre indicados para gerar diagnósticos em fase inicial e aumentar a chance de cura da doença”, finaliza.